sábado, dezembro 27, 2008

"Alpha Omega" chega à coleção Bernardo.

"Um signo é uma coisa que além da espécie ingerida pelos sentidos, faz afluir por si própria ao pensamento qualquer outra coisa"
Sto. Agostinho


O novo ciclo de Guadalupe Vieira, "Alpha Omega", chega à coleção Bernardo com quatro peças fundamentais da arte contemporânea.








Neste trabalho, o plano de expressão intercepta-se com o plano do conteúdo. A "luz", deixa de ser a "luz" para ser a representação psíquica da "luz". A união entre a semiologia e a semântica eleva-nos para o plano da significação pura. Através do signo, Guadalupe Vieira proporciona o confronto do consciente com o inconsciente profundo, do real com a fantasia, da luz com o abismo.
Citando a artista:
"Nas viagens pelo meu universo interior, perco-me e encontro-me. Num processo de transfiguração, deixo de ser eu e passo a fazer parte da luz e do seu percurso. Não tenho corpo, Eu sou o próprio Universo."
Nakamura, O., in Trânsitos, pp234, 2008

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Inventem-se novos heróis!



Na era do políticamente correcto e do Magalhães, os daltonic brothers sugerem um novo tipo de herói para combater a crise: ele é "Rabinho dos Bosques"!
Sempre se suspeitou da masculinidade do personagem interpretado por Errol Flynn, dos seus collants torneados e do hábito de jogar à espada com outros homens. Porque não levar isso mais avante e criar um herói assumidamente gay? No entanto, e à boa maneira Disney , não haveria alusões nem ilustrações do seu comportamento sexual, assim como o Pato Donald e Margarida tinham sobrinhos e não filhos, tais como Mickey e Minnie e mesmo Peninha, toda a gente sabe que no maravilhoso mundo da BD não há a tentação da carne, tudo são pequenos póneis a correr nos campos cheios de flores. É neste universo que Rabinho dos Bosques se move, saltitando de galho em galho, fazendo o bem e tornando os pobres menos pobres e mais bem vestidos. Também em época de neura mundial , e como toda a gente sabe que os gays são pessoas mais bem dispostas, porque não usufruir dessa boa disposição para nos fazer esquecer os ordenados milionários dos gestores bancários enquanto andamos ó Tio, ó Tio?
Este novo herói iria pagar as dividas dos artistas à Segurança Social e ao fisco , com o dinheiro roubado a elites sem escrupulos que por sua vez já tinham esmifrado o povo esfaimado e mal vestido, alimentado a recibos verdes. E ainda redecorava todos os edificios por onde passava.
No fim de cada episódio haveria sempre uma dança com os animaizinhos do bosque , os coelhos, os veados ,os passarinhos e os mochos.
Com Rabinho dos Bosques, já não nos apetece dar de frosques.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Manitas estreia no grande ecran



Estreia sexta-feira dia 5, no 12º Festival de Cinema Luso-brasileiro, a decorrer em Santa Maria da Feira, "Manitas" a nova curta-metragem de Abrocas. Este mini filme , rodado no bairro da Bica, num plano sequência de 5 minutos, retrata uns momentos da vida de dois bandidos incompetentes e de um carteirista mítico.

terça-feira, novembro 25, 2008

Dimitri Kabeirobtozob

Encontrada mais uma obra de Kabeirobtozob, envolta em enigma e mistério. Uma camara de corda Krasnogorsk K3 toda chamuscada, juntamente com manuscritos e diagramas explicativos da obra, infelizmente alguns muito danificados pelo fogo, revelam aquilo que parece ser uma obra-testamento do arquitecto russo.
Nesta obra Dimitri pega fogo a uma Krasnogorsk K3 em funcionamento, e filma-se a si próprio pronunciando uma frase, antes de a película derreter. Segundo alguns manuscritos que se conseguiram decifrar, o material que resistisse ao consumo pelo fogo, seria a Obra. Estas indicações estavam juntas com vários desenhos de arquitectura de casas-barco e condomínios - palafíticos, algumas obsessões do trabalho arquitetónico de Dimitri. "Porque o fogo que me faz arder é o mesmo que Te ilumina", era uma das frases repetida várias vezes nos manuscritos de Dimitri.
Não se descobriu nenhuma indicação sobre a unica fala de Dimitri no filme, havendo diversas teorias e especulações. Segundo uns, Dimitri diz "rosebud", mas outra corrente inclina-se para "koniec".


título desconhecido - Dimitri Kabeirobtozob - 16mm - data desconhecida

sexta-feira, novembro 07, 2008

Cabeirita


Cabeirita é um ser entediado que permanece no limbo da morte depois de ter posto termo à vida. Depois de provar que realmente existe vida depois de morte, Cabeirita amaldiçoa a sua sorte, entregando-se a uma existência onde a inactividade convive com a observação cínica do mundo dos vivos , reforçando o seu profundo desprezo pelo ser humano, o seu comportamento, e as suas criações. Prisioneiro de Hades e do tédio, este ser revolta - se preguiçosamente contra a sua condição de morto, que constatou ser ainda mais aborrecido do que estar vivo. A sua inércia diária é agitada por pensamentos que tentam fugir ao tédio rotineiro do seu dia a dia, mas rápidamente o aborrecimento o invade...

Brevemente...

sábado, outubro 18, 2008

David na era do Triki-triki



Apresentamos mais um elemento do filme "O Coveiro" no qual é reproduzido o vulto do caríssimo David Almeida. Serve esta ocasião para se prestar uma pequena e humilde homenagem ao contributo dado a este filme, por este icone da representação dramática experimental . Perante o desafio de dramatizar com uma técnica tão exigente como a do Triki-triki, David Almeida demonstrou uma noção perfeitamente instintiva deste metodo de animação bem como o perfeito dominio de um personagem extremamente complexo. Além de introduzir pontos de vista inovadores na narrativa com o seu trabalho, tambem apoiou o trabalho dos outros actores com igual empenho. O grau de entrega pode-se comprovar nas suas palavras assim que estava a chegar às rodagens: "Vou para aí disposto a levar o meu fisico aos limites.". E levou.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Regresso às jaulas


"O Coveiro" é uma curta metragem de André Gil Mata que tem várias sequências de animação em imagem real. Os daltonic brothers foram chamados a intervir nesta façanha, e depois de várias experiencias em laboratório, inventaram uma nova técnica de animação que mistura várias outras já conhecidas como a pixilagem, a rotoscopia, a animação de volumes, e outras trucagens. Estudou-se Eadweard Muybridge e a sua decomposição do movimento, Ray Harryhausen, Jan Švankmajer e os Brothers Quay nas suas técnicas de animação de volumes, e bebendo a influência dos grandes Mestres, chegou-se a esta nova técnica inovadora.
Esta técnica foi baptizada de "triki-triki".
E no que consiste o "triki-triki"?
Fotografa-se o sujeito, por vezes em sequência de imagens, recorta-se posteriormente cada foto à mão e faz-se a composição final, juntando fundos das mais variadas proveniências (um chão no Porto, uma parede na Beira , uma ponte em Amarante).



Pergunta: Quais são as vantagens do triki-triki?
Aparentemente, nenhumas, a não ser mais demorado, mais dificil, haver mais probabilidades de tendinites, deficiencias oculares, ou pesadelos psicóticos.
Contudo a rotina automática do recorte diário, foto após foto, pixel após pixel, é, segundo alguns operadores de triki-triki, altamente terapêutica, induzindo estados de auto-hipnose quase equivalentes a uma estadia num SPA.



Seria talvez uma solução para a depressão nacional haver um movimento de filmes em triki-triki, que causaria o aumento da produtividade, de postos de trabalho e do bem estar . Ocupando os cidadãos numa rotina automática, porém criativa e realmente produtiva, haveria a diminuição do stress e do consumo de antidepressivos que está a tornar Portugal num país apático.
Libertava-se o povo da rotina burocrata , dependente do crédito, das grandes empresas e do Estado-Vilão.
Teríamos filmes com um aspecto diferente do normal (isso já temos...), num falso 3D, mas com melhor aspecto, e um "look" superior ao deprimente croma. O triki-triki é a retoma!
Aumentaríamos a nossa auto-estima cinematográfica, recuperando espectadores que têm sido afugentados sistemáticamente das salas pelo academismo bacoco ou pelo cinema comercial-pseudo-indústria.
Com paciência e perseverança tudo se alcança !


Nestes exemplos, o grande David Almeida, debruça-se na ponte de Amarante e vê o seu reflexo no rio.

sexta-feira, maio 30, 2008

Rainer Schlurps

Rainer Schlurps nasce na Alemanha em 1939 no seio de uma família ilustre, que vivia de heranças dos seus nobres antepassados.
Sendo desde sempre considerado o mais introvertido da família, tentava sempre passar despercebido em qualquer lado para onde fosse, sendo muitas vezes difícil, devido ao grupo de aristocratas e figuras públicas que geralmente o acompanhavam.
Um dia vai ao cinema e descobre o que é a indiferença do espectador para com quem está a seu lado, como que hipnotizado pela tela.
A partir daí, Schlurps refugia-se em salas de cinema, um lugar de eleição para poder encontrar a paz que procurava. A desatenção que a tela criava para com a sua pessoa faz dele um indivíduo anónimo, um simples mortal. Começa a escrever pequenos textos sobre cinema, no seu diário.
Com a crescente má qualidade dos filmes (principalmente a partir do meio da década de sessenta, segundo Schlurps), a nova burguesia recomeçou a estar atenta a quem frequentava as salas. Muito mais do que ir às salas para verem filmes, era moda ir para conviver, bisbilhotar e até mesmo engatar. Na sessão da meia-noite do cinema Kino em Berlim, numa projecção de “A Smell of Honey, A Swallow of Brine”, Schlurps entra a meio da sessão como de costume (“uma forma de fugir ao olhar atento do espectador”, segundo o diário de Schlurps), e para sua grande surpresa, é reconhecido por um grupo de vanguardistas que dizem ter ido à sala para escrever uma crítica sobre o estado do cinema (veio-se a descobrir mais tarde que afinal eles quereriam roubar a crítica que Schlurps tinha escrito, crítica essa, que continha um anagrama que segundo ele, era o plano para representar a morte do cinema). Schlurps conseguiu no entanto fugir sem deixar rasto.
Os seus pais souberam da ocorrência através de “más línguas” na sessão de cinema das 15h30 do dia seguinte e apressaram-se para casa de Schlurps, arrombaram a porta e encontraram um filme que foi posteriormente analisado por vários críticos de cinema que o consideram actualmente um génio, um visionário que, segundo Sarah Plenert (historiadora de cinema), previu a morte do cinema.Deixou tambem num papel, uma frase enigmática que ainda ninguém consegui descobrir o seu veradeiro significado:
R. S. :”Em El Ei, vou ser Rei”
A colecção Bernardo mostra-nos agora a sua única obra conhecida, "Refúgio".


"Zuflucht" - Rainer Schlurps - 16 mm - 1967

segunda-feira, maio 05, 2008

Imagens de Kabeirobtozob

Únicas imagens conhecidas de Dimitri Kabeirobtozob.



Dimitri Kabeirobtozob

Dimitri Kabeirobtozob (1929 - ?)
A ultima aquisição da Colecção Bernardo é este pequeno filme intitulado "Leonidas", do arquitecto russo Dimitri Kabeirobtozob. Este filme nunca foi exibido públicamente, tendo sido realizado para ser exibido numa festa particular de artistas em Paris, no ano de 1969.
À excepção de "Leonidas" todas as obras de Kabeirobtozob desapareceram,ou foram destruídas. Contemporâneo de Ivan Leonidov e de Konstantin Melnikov e de muitos outros artistas ligadas ao construtivismo , Dimitri teve uma vida atribulada,sendo muitas vezes perseguido pelo regime soviético, devido a algumas abertas divergências.
Fugiu para a Europa Ocidental nos anos 50 , onde privou com artistas de vanguarda e com o arquitecto Le Courbusier , chegando a viver num refúgio modular concebido pelo célebre arquitecto.
Nos seus poucos trabalhos conhecidos, Kabeirobtozob propunha uma atitude construtiva que procurava uma aproximação das abordagens metafísica do suprematismo, e materialista no construtivismo russo.
A temática da cidade, do movimento e da velocidade futurista eram uma constante do trabalho de Dimitri Kabeirobtozob que infelizmente não chegou até nós.
A partir dos anos 80 nada se sabe sobre Dimitri, ignorando-se o seu paradeiro , ou mesmo se ainda estará vivo.


Leonidas - Dimitri Kabeirobtozob - quadrupula projecção 1969

quinta-feira, maio 01, 2008

Guerra Civil Espanhola

Mais um filme sobre a Guerra Civil Espanhola e o bombardeamento de Guernica, feito para o concerto de Rui Reininho e a Companhia das Indias na Casa da Música . Imagens pilhadas a Buñuel, Orson Welles e YouTube. Animações de JPG, editing de Abrocas.

sexta-feira, abril 25, 2008

25 de Abril

Filme de encomenda para o ciclo "Revolução e Música" na Casa da Música. Este pequeno filme foi , entre outros, projectado durante o concerto de Rui Reininho e Companhia das Indias no dia 30 de Abril.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Sweet Afternoon - Juan Aguirre

"Sweet Afternoon", de Juan Aguirre é uma obra mítica. Mítica, porque em práticamente todos os museus onde tem sido exposta, tem havido casos de epilepsia entre os espectadores e houve mesmo casos em que seguranças dos museus foram internados com psicoses, depois de estarem durante vários dias em contacto com a obra. Todos estes acontecimentos foram gerando uma aura de "obra maldita" sobre este pequeno filme de Juan Aguirre , circulando várias histórias e rumores tais como o de que a obra estava incompleta, porque o próprio autor não tinha suportado a montagem, tal era o estado de alma que o filme lhe provocava. Esta obra tem despoletado as maiores teorias e controvérsias àcerca do seu significado.
" Vi finalmente Sweet Afternoon. Todo o meu corpo vibrou quando as primeiras notas o invadiram. Os meus medos mais profundos voltaram a assombrar-me e tive que abandonar a sala depois do segundo loop .Eis-me perante uma obra - prima insuportável." - Paul De La Tarrantese.


Sweet Afternoon - Juan Aguirre - film loop 1973

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Patrick Rafael

Patrick Rafael (1952 - 1985)
Artista franco-luso, começou a expôr muito cedo ("Annese" foi o seu primeiro filme de arte, aos 15 anos de idade). Esta pequena pérola, até agora desconhecida, vem a público graças ao esforço da Colecção Bernardo em obter obras deste artista. Neste filme Patrick Rafael explora uma nova língua, próxima do esperanto, inventando um "pseudo - francês", mais musical, associando-o também ao bel-canto, outra das paixões do artista.
Patrick Raphael teve uma vida obscura , não se conhecendo práticamente nada sobre a sua actividade artística . Nunca foi fotografado, nem aparecia nas "vernissages", apesar de rezar a lenda que de facto ele aparecia, mas mascarado de mulher, muitas vezes encarnando uma diva do canto, podendo assim observar, anónimo às reacções às suas obras.
A sua produção foi muito escassa e dispersa, suspeitando-se que existam várias obras desconhecidas ou em paradeiro incerto.
"Os seus poucos filmes reflectem sempre um estado de angústia e desespero, próximos da depressão. As vozes sussurantes, as árvores que ganham vida, a natureza ameaçadora, fazem-nos lembrar as "florestas más" e outros medos do nosso imaginário infantil. Patrick Rafael é um artista autista. A sua obra obssessiva , as onomatopeias , a lingua inventada , a natureza em turbilhão, tudo nela gira numa espiral embrionária de beleza ensimesmada." - Jean Baptiste Garonese.

Patrick Rafael cometeu suicídio aos 33 anos de idade. Vivia em Saint - Denis, trabalhava numa empresa de contabilidade e preparava a sua primeira retrospectiva.


Annese - Patrick Rafael - Super8 1967

sexta-feira, janeiro 18, 2008

In Heaven - Juan Aguirre

Mais uma obra da Colecção Bernardo, do mexicano Juan Aguirre, gentilmente cedida pela Fundação Espiral, onde estava em depósito. Este é um video da fase psico-analitica de Aguirre, onde o artista questiona os medos e desejos inconscientes, partindo de sessões de psicanálise e hipnose com loucos. Juan Aguirre, que tem uma obra em video riquissima , será brevemente homenageado com uma retrospectiva em Lisboa.


In Heaven - Juan Aguirre - film loop 1972
Outras obras do autor.

quinta-feira, janeiro 03, 2008